domingo, 26 de fevereiro de 2023

A vergonha

                



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA

A vergonha

Será que existe alguém neste planeta que ainda não realizou uma ação que o fez corar de vergonha? Pois é, esta emoção anda de mãos dadas com a vulnerabilidade e, muitas vezes, elas se confundem. Só que no caso da vergonha, apesar dela ser universal e ser um dos sentimentos humanos mais primitivos, temos mais medo de expressá-la.

Mas é fácil descobrir porque ela existe. O medo de perder a conexão com o outro talvez seja o motivo principal. Fomos psicologicamente, fisiologicamente, cognitivamente e socialmente  criados para termos vínculos com outras pessoas. A simples ideia contrária a isso pode nos fazer angustiar. Não conseguimos nem mesmo realizar tarefas se não mantermos ligações afetivas com outras pessoas.

E por que é importante conversarmos sobre a vergonha? Porque a vergonha nos faz sentir mal, por nos dá a sensação de que somos pessoas más. Tal concepção traz dor, e dor real. Segundo pesquisas a dor de um sofrimento físico se iguala a dor da rejeição, o que geralmente é o resultado da vergonha.

Por isso, quando sentimos vergonha somos inclinados a culpar um terceiro, para justificar nossa falha, ou tendemos a nos esconder ou mesmo damos uma desculpa bem ingênua.

A vegonha é um tema tão sério que ele está ligado a muitos males como: distúrbios alimentares, bullying, depressão, ansiedade, violência, vícios, só para citar alguns. E por que isso acontece? Porque muitas pessoas ainda acreditam que a vergonha pode ser um instrumento de correção, disciplina. Esta ideia é bem perigosa, além de errada.

Então o que fazer se esta intrusa está sempre presente em nossas vidas? Devemos alimentar a resiliência. Para tanto, preciso reconhecer a vergonha e seus mecanismos. Entender que ela é limitante e que é biológica e biográfica. Assim posso sentí-la e/ou construir uma vida ou um contexto tendo-a como personagem principal. Será que é isso mesmo que eu quero? Por que ela não pode ser vivenciada como se fosse apenas um momento não muito agradável?

Uma pergunta muito interessante é: será que a vergonha tem a ver comigo ou com a expectativa criada pelas pessoas em relação a mim? A resposta que você der, pode indicar o grau de intensidade que esta emoção possa ter em sua vida.

Precisamos do outro. Envergonhado podemos conversar com um amigo de confiança ou com um profissional da saúde como um psicanalista. Transfigurar emoções é muito importante para sabermos lidar com elas, porque é falando que nos entendemos e também entendemos o outro.

Vamos continuar o assunto na próxima semana.

Um fortíssimo abraço para você!

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